Médiuns Não São Terapeutas. Terapeutas Não São Médiuns
- Guilherme Forli
- 22 de mai.
- 3 min de leitura
Ser Médium Não Te Torna Terapeuta. Ser Terapeuta Não Te Torna Médium. E Está na Hora de Colocar Cada Coisa em Seu Lugar.

A espiritualidade virou tendência. As terapias holísticas viraram produto. Nesse novo cenário, vemos um fenômeno perigoso: médiuns querendo se tornar terapeutas da noite pro dia, e terapeutas holísticos achando que podem dar consulta espiritual como se estivessem em um passe de mágica.
O resultado? Pessoas desorientadas, energias bagunçadas, egos inflados e um mercado cada vez mais distante da verdadeira responsabilidade espiritual e terapêutica.
Está na hora de falar a verdade: uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. E por mais que possam caminhar juntas, não são — e nunca serão — a mesma coisa.
Mediunidade é missão. Terapia é técnica.
Ser médium é abrir o corpo, a mente e a alma para servir a espiritualidade. É um caminho de entrega, disciplina, ética, preparação e responsabilidade com os planos invisíveis. O médium é instrumento dos guias e Orixás — e isso exige formação dentro de uma corrente espiritual, desenvolvimento mediúnico, fundamentos e muito chão de terreiro ou casa espiritual.
Já o terapeuta holístico trabalha com ferramentas naturais, energéticas ou vibracionais: Reiki, aromaterapia, florais, cristais, fitoterapia, meditações, entre tantas outras técnicas. Ele atua no campo físico, emocional, mental e energético do ser humano, com base em formações específicas, metodologia, ética profissional e conhecimento técnico.
E onde está o erro?
No momento em que um médium sem preparo algum começa a se autointitular terapeuta, criando métodos vazios, vendendo "cura" em um pote, sem estudo ou comprovação.
E no momento em que um terapeuta, mesmo com boas intenções, começa a passar mensagem espiritual, incorporar, dar conselho de entidade ou se dizer guia espiritual, sem ter sequer passado por um desenvolvimento sério.
Uma ponte mal feita entre duas ciências sagradas
A mediunidade e as terapias holísticas podem e devem se encontrar. Mas isso só é possível com estudo, humildade e ética. Um médium que deseja se tornar terapeuta precisa se formar, se aprofundar, entender que não é porque incorpora uma entidade que entende de chakras, florais ou psicossomática.
E o terapeuta holístico que sente conexão espiritual precisa entender que incorporação, orientação espiritual e condução de guias não vêm de curso online nem de intuição solta. Vêm de fundamento, terreiro, hierarquia, ancestralidade.
Hoje, vemos curandeiros que nunca limparam um chão de gira, mestres espirituais que nunca passaram por um cambone, orientadores que nunca tiveram guia firmado. E isso coloca vidas em risco. Espiritualmente e emocionalmente.
É sobre responsabilidade — não sobre dom!
O maior problema da nova geração espiritualizada não é falta de fé, é falta de preparo e excesso de autoconfiança.
Se tudo vira dom, se todo mundo pode tudo e se não há mais fundamentos nem hierarquia, ficamos diante de um cenário de espiritualidade rasa, terapias desorientadas e muito ego disfarçado de luz.
Espiritualidade sem fundamento vira palco.
Terapia sem formação vira charlatanismo.
Misturar as duas sem consciência vira perigo.
Conclusão: Cada Caminho Tem Sua Profundidade. Respeite a Tradição, Estude o Novo.
Se você é médium e quer atuar com terapias, estude, se forme, entenda a ética da profissão.
Se você é terapeuta e sente conexão espiritual, procure uma casa de fundamento, passe pelo desenvolvimento, viva o chão da gira.
Não tente cortar caminho.
Não confunda dom com missão.
Não ache que a espiritualidade te autoriza a tudo só porque você sente energia.
Mediunidade é sacerdócio. Terapia é profissão.
Ambas são sagradas.
E nenhuma funciona bem se for conduzida pelo ego.
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