A Curimba não é palco. Ogã não é artista. O Sagrado não é show!

Ultimamente temos visto uma triste distorção dentro dos terreiros e casas de Axé: Ogãs e Curimbeiros que esquecem o verdadeiro propósito do toque e da cantiga, transformando o sagrado em espetáculo.

É preciso lembrar: Ogã não é artista.

O Curimbeiro ou Ogã são servidores do Axé. Seu toque é reza, é oferenda, é força que desperta os Orixás, Caboclos, Pretos-velhos e todas as entidades que ali estamos honrando. Cada toque do atabaque carrega um fundamento, força ancestral e deve ser tratado com respeito. Quando o Ogã se deixa levar pela vaidade, pelos aplausos, pela fama ou pelo dinheiro, ele deixa de servir ao Santo e passa a servir ao próprio ego.

O toque não é show! O canto não é palco. O Axé não é vitrine.

Infelizmente, muitos têm esquecido disso. Vemos Curimbeiros e Ogãs tocando em qualquer terreiro sem fundamento, sem preparo e sem a devida autorização espiritual e muitas vezes apenas pensando em retorno monetário.

Cantar os pontos e cantigas sem intenção, e tocar sem firmeza ou sem fundamento é abrir brechas, e brechas dentro do sagrado são perigosas, não só para quem toca, mas para todo o terreiro. É preciso ter responsabilidade.

Ser Ogã é um compromisso de alma.

É estar a serviço do Axé, com humildade, disciplina e respeito.

Não é buscar fama, é sustentar energia.

Não é se exibir, é zelar.

Não é ser visto, é ser firme.

Que cada Ogã se lembre: o atabaque é um altar, e o couro fala com o Orixá. Quando você toca, não é sua mão que fala: é o Sagrado que que faz você de instrumento e vibra Axé através de você.

Que sigamos horando e respeitando o Atabaque!